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O “Cancelamento” da FEB

A segunda metade dos anos 1940 e a primeira dos anos 1950 foram pródigas em soberbas homenagens físicas aos pracinhas, sob a forma de belos monumentos, mesmo em pequenas cidades do interior brasileiro. Grande parte deles foi construída graças aos recursos levantados pelos próprios veteranos, que organizaram rifas, festas e campanhas de doação.

As estátuas desses monumentos foram erguidas por um elemento indispensável: o talento de escultores. Profissionais com notável habilidade manual, conhecimento apurado da anatomia humana e sólidos fundamentos artísticos, deram harmonia e força expressiva às obras. Contudo, esse quadro mudou radicalmente nas décadas seguintes.

De uma forma geral, o padrão das estátuas forjadas após esse período foi decaindo ao longo do tempo, não por culpa dos idealizadores, mas pela progressiva relativização dos conceitos de arte e beleza. A influência modernista passou a dominar as artes visuais, ditando o modelo dos novos e principais monumentos da FEB no Brasil e na Itália. O estilo clássico caiu no ostracismo.

A motivação é evidente, pois o estilo clássico costuma simbolizar a memória de figuras históricas indesejáveis a certos grupos interessados em reescrever o passado. Assim, parcela substancial das artes visuais deixou de representar a beleza para servir como instrumento de manipulação política e ideológica, entronizando o grotesco e o escandaloso para “introduzir o terror, o medo, o pânico, a deformidade e a morte no sacrossanto interior burguês”, conforme escreveu Iker García, reputado historiógrafo da arte modernista.

Hoje, salvo raras exceções, as homenagens aos pracinhas em figura humana mostram-se disformes e toscas — pálido reflexo da qualidade vista no passado. A FEB não é a única vítima desse processo, pois a escultura do corpo humano em bronze, mármore, entre outros materiais nobres, deu lugar a abstracionismos em metal enferrujado e concreto, geralmente de significado indecifrável para a quase totalidade do público — supostamente o destinatário da arte —, mas úteis para camuflar a mediocridade autoral sob grossas camadas de sofismas embusteiros.

O controle das Belas Artes foi apenas uma etapa desse processo insidioso. Nos EUA, estátuas centenárias de personagens da história norte-americana foram retiradas da exposição pública em 2020, sob a pressão de grupos fantoches do marxismo cultural.

Cabe a pergunta: Nós estamos sujeitos a esse mesmo risco?

No Brasil, a memória da FEB incomoda a muitos, e a polarização/radicalização do cenário político indica que o “cancelamento” da sua representação física parece ser algo não muito distante no horizonte. Para o pior acontecer, basta ficarmos de olhos fechados, crendo ingenuamente na falácia de que tudo faz parte da “evolução natural” da arte e da sociedade.

George Orwell, um jornalista que conhecia profundamente os métodos totalitários de controle da sociedade, escreveu na abertura do seu famoso livro “1984”, ao final dos anos 1940 — mesma época da construção dos monumentos exibidos neste post:

“Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado.

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6 respostas »

  1. Tive a oportunidade de admirar, in loco, o Monumento aos Expedicionários de Campos dos Goytacazes, no Estado do RJ. É uma obra de arte imponente e impressionante, à altura dos brasileiros que lutaram e sangraram na Itália. É obra do escultor brasileiro Modestino Kanto, autor do Monumento ao Marechal Deodoro da Fonseca, grandiosa estátua equestre localizada na Praça Paris, no Centro da cidade do Rio de Janeiro.

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  2. CONCORDO COM O BRILHANTE TEXTO.
    SÓ GOSTARIA DE ADICIONAR QUE APESAR DAS CAMPANHAS DE DESINFORMAÇÃO E DE TENTAREM APAGAR COM A PUJANTE E RICA MEMÓRIA DA FEB, CRESCE O INTERESSE PELOS NOSSOS PRACINHAS, BEM COMO QUE TAL GUINADA SEGUE EVOLUTIVA E IRREVERSÍVEL.

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