O caminhamento a seguir, na progressão a leste de 803, deverá ir se contorcendo, praticamente por infiltração, através de faixas livres de minas, bem nossas conhecidas, desde a defensiva de inverno, com o sacrifício de nossas patrulhas, e pela observação dos rastros deixados pelas patrulhas alemãs e pelo movimento do serviço da posição defensiva inimiga. A leste de 803, a abertura do terreno minado é pelo N de 779, indo ter à retaguarda de 803, daí na direção de Fornello, evitando-se a cobertura imediata da resistência aí localizada. A oeste de 803, a abordagem, vinda do sul, é problemática. Nesse lado não conhecemos bem a situação de minas, pois não era nossa Zona de Ação, na defensiva de inverno. Agora sabemos, por informações do G/2, que 803 está coberto, ao Sul, por um campo de minas. Esse campo abarca os dois flancos. Até aonde?
Este é um trecho do livro Lenda Azul – A atuação do 3º Batalhão do Regimento Sampaio na Campanha da Itália, do general Walter de Menezes Paes (Vol. 2, p. 40). Escrito com base nos relatórios de combate do 1º RI, é uma das obras mais detalhadas sobre a tomada do Monte Castello. Contudo, sem o suporte de uma carta topográfica da época, a visualização dessa narrativa febiana é quase impossível. E esse não é um caso isolado.
O aficionado pela história da Força Expedicionária Brasileira certamente já ouviu falar das aventuras dos pracinhas em Castelnuovo, Monte Castello, Montese, Fornovo di Taro; de episódios de combate em localidades como o Monte Belvedere, Abetaia, Bombiana, Gaggio Montano e Guanella, entre tantas, que povoam os relatos do Brasil na Segunda Grande Guerra. Todavia, raros foram os que tiveram a oportunidade de visitar esses locais. São pouco mais do que referências vagas no imaginário dos leitores e estudiosos, dificultando o entendimento das operações e a compreensão das histórias contadas pelos veteranos de um modo geral.
Para ultrapassar esse obstáculo, empreendemos uma iniciativa pioneira. Reproduzimos fisicamente os diferentes cenários onde os brasileiros travaram seus combates na Itália — pequena joia para colecionadores e uma ferramenta paradidática útil para museus, universidades, e demais locais dedicados à preservação da história militar brasileira.
Ao contrário das tradicionais maquetes, nossos exemplares são feitos com base em imagens de satélite, de forma a representar o terreno com fidelidade, sem o exagero vertical (ampliação forçada de altitude) costumeiramente utilizado no processo.
Além disso, preparamos um tutorial para auxiliar os seguidores do nosso blog a produzirem os seus próprios exemplares. Longe de ser um “trilho”, é uma boa “trilha” a ser seguida, que por motivos óbvios não entra em pormenores da complexa operação dos softwares. Eis os oito passos que utilizamos:
1ª Etapa – Escolha do Terreno
As cartas topográficas da FEB são elementos fundamentais para a localização geográfica do espaço a ser escolhido, visto que os mapas recentes costumam apresentar topônimos diferentes dos utilizados nos anos 1944/1945. Fotografias históricas também são ótimas referências para a escolha, principalmente para a visualização das edificações e da vegetação presentes na época. Basicamente, o Teatro de Operações da FEB na Itália pode ser dividido em seis locais distintos, que podem ser visualizados clicando nos links a seguir:
- Toscana, região a cavaleiro do divisor Mar Tirreno – Rio Serchio (palco do batismo de fogo do Destacamento FEB, de 14 a 28 de setembro de 1944). Link
- Toscana, região no vale do Rio Serchio (Ações do Destacamento FEB, de 29 de setembro a 6 de novembro de 1944). Link
- Emília Romana, região que vai do Monte Belvedere a Bombiana, passando pelo Monte Castello (novembro de 1944 a abril de 1945). Link
- Emília Romana, no vale do Rio Reno, região do Monte de la Croce – Soprasasso – Castelnuovo di Vergato (novembro de 1944 a março de 1945). Link
- Montese (abril de 1945). Link
- Collecchio e Fornovo di Taro (abril de 1945). Link
Escolhemos neste tutorial a opção Nr 3, tendo como referência a cidade de Gaggio Montano (foto), que abrigou as tropas brasileiras no inverno de 1944-45, além do PC da Divisão Brasileira após a tomada do Monte Castello.
Uma vez escolhido o cenário a ser reproduzido, passamos à etapa seguinte.


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2ª Etapa – Georreferenciamento
O Google Earth é uma ferramenta gratuita e importante para a condução do trabalho nesta etapa, que possibilita georreferenciar o projeto e assim obter as coordenadas geográficas das extremidades do terreno necessárias à execução do passo seguinte.
3ª Etapa – Aquisição do DEM
Com base no modelo e escala escolhidos, utilize um software de geoprocessamento de sua escolha para efetuar o download dos arquivos digitais necessários — modelos digitais de elevação (DEM) do tipo SRTM, Alos World 3D, GTopo30, etc. — , definindo a área a ser exportada, posteriormente, para um arquivo de impressão 3D (*.stl). Conforme a precisão requerida do modelo, tais arquivos digitais podem ser obtidos de forma gratuita ou não.
4ª Etapa – Customização
Nesta etapa podemos inserir digitalmente uma série de modelos digitais pré-fabricados, tais como blocos de vegetação, casas, símbolos, pontes, depósitos e benfeitorias diversas por meio de software 3D (Autocad, Cinema 4D, Maya, Vue, etc.). A menor escala viável para a realização desta etapa é a de 1:10.000 — na qual uma casa de tamanho médio terá cerca de apenas 1 mm de comprimento.


5º Etapa – Impressão 3D
Envio do arquivo digital a uma empresa de impressão 3D, que executará o serviço utilizando plástico PLA, resina ou outro material a gosto do cliente. Não há limite teórico de dimensões do produto final, mas para modelos com comprimento ou largura maior do que 30 cm, geralmente há necessidade de impressão de mais de um bloco. Via de regra, para os campos de batalha da FEB presentes neste tutorial, recomenda-se a impressão do modelo no intervalo das escalas entre 1:5.000 e 1:15.000.



6ª Etapa – Pintura
Aplicação prévia de camada de primer, antecedendo o trabalho artístico com aerógrafo, pincéis e tintas especiais, visando reproduzir o terreno conforme a estação do ano desejada.
7º Etapa – Montagem
Acréscimo de elementos físicos ao modelo com base em informações extraídas de cartas topográficas, fotografias aéreas e imagens de arquivo. A menor escala viável para empreender com sucesso tal etapa é a de 1:10.000.
8ª Etapa – Finalização
Aplicação de verniz protetor UV e antifúngico. Colagem da plaqueta de identificação e da rosa dos ventos (ambas em metal). Fixação do modelo em base de madeira, sob redoma de acrílico ou vidro, protegendo-o contra acidentes, poeira e umidade. Voilá! Está pronto o modelo para que o entusiasta da História Militar do Brasil possa compreender com exatidão as manobras da Força Expedicionária Brasileira, bem como a situação tática da 1ª DIE.






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Nossos serviços viabilizam a reprodução de qualquer região do globo terrestre, na escala e tamanho escolhidos pelo interessado.
Para fins de referência, o modelo elaborado neste tutorial possui escala aproximada de 1/16.500, medindo 35 x 26 x 4,5 cm. Devido à escala diminuta, os grãos amarelos representam grupos de casas.
As opções disponíveis no momento são as seguintes (tamanhos maiores sob consulta):
- Tamanho grande: 35 x 26 x 4,5 cm
2. Tamanho médio: 25 x 11,4 x 3,2 cm
3. Tamanho pequeno: 15 x 6,9 x 1,9 cm
Categorias:História da FEB
boa noite, parabens pela ideia e execuçao,
favor me enviar preços dos 3 medidas, obrigado
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Excelente trabalho!
Parabéns pela iniciativa!
Gostaria de adquirir um exemplar no tam. 35x26x4,5cm.
Como devo proceder? Qual é o preço?
Obrigado.
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Bom dia! Te enviei o orçamento do tamanho maior via WhatsApp. Abraços!
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Simplesmente fantástico!!!
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Obrigado, amigo!
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Trabalho perfeito!!! Excelente! Parabéns!
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Obrigado, amiga!
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