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Há exatos 81 anos, em 18 de setembro de 1944, o Destacamento FEB conquistava a primeira grande cidade italiana: Camaiore. Este filme histórico mostra a chegada dos pracinhas à cidade — descrita pelo locutor, incorretamente, como Massarosa.

A película mostra uma tropa de Engenharia chegando à margem do Rio Lucese (observa-se o Monte Prana ao fundo), com a população italiana na outra margem, no local onde seria construída a “Ponte Carioca”.

Ponte Carioca em Camaiore
Ponte Carioca em Camaiore

A população de Camaiore veio para a rua ao alvorecer do dia seguinte, dando-se conta de que estavam, enfim, livres do jugo nazista. “A decantada extroversão italiana confirmou-se nas ruidosas expansões de júbilo, transformando aquela manhã de 19 de setembro em dia de festa”, testemunhou o capitão Ayrosa.

Moças da sociedade local organizaram uma comemoração no Il Pallazzo: a Casa del Fascio di Camaiore: prédio de estrutura suntuosa da prefeitura local, onde se instalou o comando da 2ª Cia. O capitão passou a sentir os óbices inerentes à governança civil. Teve de ouvir peditório, queixumes e lamúrias: as freiras pediam trigo para alimentar as alunas de um colégio religioso; outros solicitavam obras nas instalações hidráulicas; antigos prefeitos e outras autoridades exigiam castigo “para vários cidadãos que tinham colaborado com os fascistas”. Passadas mais de duas décadas de vigência do fascismo, em meio à brutal carência de recursos provocada pelo conflito, seria difícil apontar alguém, com razoável grau de relevância na sociedade, isento de laços com o regime de Mussolini.

Ayrosa contou mais tarde ao jornalista Rubem Braga: “18 moças da sociedade local foram encarregadas de cuidar do palácio, mas a confraternização com os nossos soldados foi tão violenta que o comandante do Destacamento achou prudente dispensar essa ajuda.

Os festejos da libertação foram interrompidos pela Artilharia alemã, que das alturas vizinhas começou a bombardear a cidade. Pior para as moças, que logo se veriam em maus lençóis devido ao ciúme dos seus patrícios guerrilheiros.”

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Fontes:

Texto extraído do livro Guerreiros da Província. Juiz de Fora, Insight Books, 2024, p. 321.

Filme histórico do CCOMSEx

Foto do Arquivo do jornal Correio da Manhã, presente no acervo do Arquivo Nacional

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