No dia 15 de maio de 1944, um seleto grupo de oficiais brasileiros recebeu uma convocação sigilosa para comparecer a uma reunião de portas fechadas no prédio do Ministério da Guerra. Entre os presentes estavam o general Mascarenhas de Moraes, seu chefe do Estado-Maior, dois tenentes-coronéis do Estado-Maior da FEB e o coronel Teixeira Lott, representante da FEB no Interior. Do lado americano, o general Hayes Kröner, adido militar, trouxe dois tenentes-coronéis. Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, e o coronel Bina Machado, seu chefe de Gabinete, acompanharam a reunião em silêncio.
Kröner abriu um estojo metálico e retirou documentos, alertando com um tom autoritário e enigmático sobre o caráter Top Secret das informações: “Os que aqui se encontram, neste momento, não podem transmitir a quem quer que seja o que se vai ler e o que se vai decidir. Nem mesmo as esposas poderão ouvir confidências sobre o que aqui for tratado”.
Satanás tem procuração
Kröner então compartilhou detalhes da viagem do 1º Escalão da FEB, mas manteve a data do evento sob sigilo absoluto; nem mesmo as maiores autoridades nacionais foram informadas. O segredo era essencial devido à possível atividade da rede de Inteligência alemã no Brasil, ativa em meados de 1944. O coronel Lima Brayner relatou um incidente com sua esposa, que recebeu um telefonema ameaçador dois dias antes do embarque, procurando obter informações a respeito da partida do contingente. Sem obter sucesso, a interlocutora disparou:
“Não adianta esconder; satanás já tem procuração para encontrar seu marido no fundo do mar o mais breve possível”.
O cuidado extremo com o sigilo foi tal que não há uma única foto panorâmica do USS General W.A. Mann ancorado na Baía de Guanabara. A imprensa só divulgou a viagem dias após o navio aportar na Itália. Esse nível de segredo gerou várias histórias intrigantes. Muitos veteranos da FEB viram corpos de companheiros falecidos sendo lançados ao mar, ataques aéreos ou de submarinos do Eixo, além do desvio de rota do norte da África para Nápoles em plena viagem. Como os americanos registraram o comportamento dos nossos pracinhas durante as duas semanas a bordo? O que realmente aconteceu nessa jornada histórica?
Fomos buscar o Log Book do General Mann nos Arquivos Nacionais dos EUA, desclassificado apenas em 2023. Por que ele foi mantido longe das vistas do público por quase 80 anos? Com a ajuda de um amigo historiador militar naval, desvendamos segredos que teremos o prazer de compartilhar com os nossos seguidores em um próximo livro, que será lançado em breve.
Fique conosco! Compartilhe este post e inscreva-se no blog para receber as atualizações.
Categorias:História da Força Expedicionária
Ansioso por ler essa história tão secreta sobre os nossos valorosos febianos e das autoridades envolvidas. Só lamento que tão poucos brasileiros hoje se interessem por esse legado histórico de coragem e determinação democrática
CurtirCurtido por 1 pessoa