
Massarosa foi a primeira localidade, de certa importância, liberada pelas forças brasileiras em 16 de setembro de 1944. A ocupação tirou proveito do uso de caminhões, por meio de um ousado golpe da 2ª Cia do 6º Regimento de Infantaria, às ordens do capitão Alberto Tavares da Silva, progredindo em terreno minado, sob tiros da artilharia inimiga. Faça uma visita virtual ao local desta foto histórica neste link do Google Maps.
Na manhã de 18 de setembro, partiu de Massarosa um grupamento misto especial do I/6º RI, comandado pelo capitão Ernani Ayrosa. Quando estava próximo de Camaiore, o oficial encontrou uma ponte destruída que impedia o prosseguimento da marcha dos carros de combate norte-americanos. Diante disse, Ayrosa decidiu seguir com o restante do grupamento para a cidade, onde penetrou debaixo de pesado fogo de artilharia e morteiros.
Camaiore foi conquistada na jornada de 18 de setembro, sem maior oposição, em vista de os alemães terem postado escassos elementos de vigilância, que se retiraram à aproximação dos elementos avançados do grupo misto especial. A posse da cidade foi consolidada com o reforço da 7ª Cia do III/6º RI, sob o comando do capitão Álvaro Félix, que fora rapidamente transportada em jipes e caminhões. Faça uma visita virtual ao local da foto histórica neste link do Google Maps.

No dia seguinte , o avanço o Destacamento FEB alcançou os postos avançados da Linha Gótica, que contavam com o apoio nas alturas dos Montes Prana, Valimoro, Acuto e Pruno, e cota 540. Em 23 de setembro, forte patrulha da 2ª Cia , comandada pelo 2º tenente Mário Cabral de Vasconcelos, realizou ousado reconhecimento do Monte Prana, de onde o inimigo devassava a posição brasileira no entorno. Depois de longa e fatigante caminhada, conseguiu surpreender alguns alemães na cota 1096, situada cerca de 600 metros ao sul do monte, aos quais infligiu severas baixas. Seu retorno, no dia seguinte, foi feito debaixo de severo fogo de artilharia e morteiros, oriundo de elementos da 42ª Divisão Ligeira alemã, estimados no valor de uma companhia.
Levado pelas circunstâncias, o comando do Destacamento FEB empreendeu o avanço pelo leste do Monte Prana, cortando as comunicações nazistas na cidade de Convalle, de onde partiam os suprimentos para a tropa em seu cume. Outras patrulhas foram lançadas na direção da vila de Sant’Anna di Stazzema, revelando que seria inútil prosseguir as operações naquela região, visto a inacessibilidade do terreno e a falta de um ponto sensível que, uma vez, ocupado, provocasse o retraimento dos alemães.
Cabe ressaltar que, em 12 de agosto do mês anterior, acontecera o fatídico massacre de civis em Stazzema, por tropas do 2nd Battalion of SS Panzergrenadier Regiment 35 do 16th SS Panzergrenadier Division Reichsführer-SS, tema de um post anterior. As vinganças nazistas contra a população civil aconteceram em diversas localidades da Toscana, em represália às ações de elementos da resistência italiana (partigiani).


Após diversos combates, a 1ª Cia do 6º RI finalmente ocupou o Monte Prana, coroando, assim, a magnifica manobra do Destacamento FEB que fez cair a posição alemã na Linha Gótica.
Em 1968, o Senhor Paoli, cidadão italiano e habitante de Camaiore, homenageou as tropas brasileiras que libertaram sua cidade e a região, e também ajudaram sua família durante os idos de setembro de 1944. A homenagem foi materializada na construção de uma cruz metálica, com 12 metros de altura, fixada sobre o cume do Monte Prana, a 1.230 m de altitude — um ponto com pleno comandamento sobre a cidade de Camaiore — denominado incorretamente “Monte Prano” pelos brasileiros por alguma confusão semântica durante o conflito.
Em 2018, durante as comemorações em homenagem à Força Expedicionária Brasileira nas cidades de Massarosa e Camaiore, vislumbrou-se a possibilidade de restauração da simbólica Cruz do Monte Prana, 50 anos após sua instalação no local. O objetivo exigiu a convergência de ações de diferentes órgãos, como a Prefeitura de Camaiore, a Aditância do Exército Brasileiro na Itália, a Administração do Monumento Votivo Militar de Pistoia (MVMP), empresários e voluntários locais e o grupo de escaladores e alpinistas Amici della Montagna.



O trabalho foi concluído em outubro de 2018, e a cidade de Camaiore, rememorando o triunfo sobre o jugo nazifascista, recuperou o simbólico monumento que de forma perene recorda o empenho das tropas brasileiras que combateram pela justiça e liberdade da região.
Fontes:
Manoel Thomaz Castello Branco. O Brasil na II Grande Guerra, pp. 193-195.
Marechal Mascarenhas de Moraes. A FEB Pelo Seu Comandante, pp. 76-79.
Portal do Exército Brasileiro. Artigo 50 ANOS APÓS INSTALAÇÃO, RESTAURA-SE CRUZ DO MONTE PRANO, HOMENAGEM À FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA http://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito/-/asset_publisher/MjaG93KcunQI/content/id/9380452
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Os Jornais da época noticiavam que o 2° Tenente Mario Cabral de Vasconcelos foi o primeiro Brasileiro a colocar os pés em Camaiore após a conquista……esse mesmo Tenente foi o responsável pela conquista em Monte Prana como relata na publicação….
o General Mascarenhas de Moraes fez referencia ao feito realizado pelo Tenente……
Tenente Mario Cabral foi ferido na mão e retornou em fevereiro/45 ao Brasil para terminar seu tratamento no HCE e foi agraciado com as medalhas de Campanha, Cruz de Combate 1ª Classe, de Guerra e Silver Star, entregues pelo então Presidente Getúlio Vargas…
Foi promovido a Capitão e foi para reserva, morava em Taubaté – SP……
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