Num país tradicionalmente avesso à preservação da memória, cujos raros personagens tratados com dignidade pela historiografia e grande mídia dependem do viés político e ideológico dos seus atos, os protagonistas do Brasil no último conflito mundial faziam parte de um grupo quase esquecido. Mesmo com a popularização de câmeras amadoras e smartphones, fora as reportagens perfunctórias de emissoras de TV nas datas magnas do Brasil na Segunda Grande Guerra, os depoimentos em vídeo dos pracinhas eram escassos, quase inexistentes. O desejo de mudar esse quadro representou a força propulsora para o início de uma empreitada pessoal.
Foram quase 15 anos percorrendo o Brasil em busca de remanescentes da Força Expedicionária Brasileira, com o apoio tão somente de amigos e admiradores do tema. Por vezes, a exploração terminou em becos sem saída, devido às limitações dos entrevistados — todos acima dos 80 anos —, com os naturais óbices provenientes da idade provecta. Ainda assim, foi possível encontrar inúmeros de veteranos com memória prodigiosa e experiências fascinantes, dentre os mais de 25 mil que participaram ativamente da campanha na Itália.
O resultado dessa longa jornada gerou uma pilha de fitas mini-dv, VHS, VHS-C , além de discos rígidos de vários tipos e tamanhos, guardando preciosas fotografias de álbuns particulares e cerca de uma centena de entrevistas com dezenas de pracinhas — a quase totalidade deles não está mais entre nós. Valeu a pena.
A união desse valioso acervo com filmes e fotografias do último conflito mundial, colhidos em arquivos nacionais e estrangeiros, gerou diversas produções audiovisuais, com destaque para O “Lapa Azul“ e o “Navalha“, ambos exibidos pelo History Channel e vencedores de concursos internacionais de cinema.
Porém, havia algo mais a ser feito. Era preciso oferecer o fruto dessa pesquisa aos historiadores e pesquisadores do futuro, pois conhecer o testemunho pessoal dos veteranos é imprescindível para o correto entendimento da experiência bélica nacional. Sem esse fundamento, o relato histórico torna-se mera repetição de versões pregressas.
Nasceu, então, o Projeto Cultural Memorial da FEB, apresentado no vídeo que ilustra esta postagem. O projeto foi cuidadosamente elaborado, formatado e apresentado ao Governo Federal, sendo aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) em 18 de janeiro de 2022 (Registro de aprovação no PRONAC: 212669).
Trata-se de mais um passo bem-sucedido para a materialização desse sonho. Nosso próximo objetivo é a obtenção do patrocínio financeiro, que pode ser deduzido do Imposto de Renda pago por pessoas físicas e jurídicas. Contratamos um profissional experiente no mercado para a captação de recursos, capaz de oferecer às empresas patrocinadoras as contrapartidas que melhor atendam às suas expectativas. Pretendemos enviar um exemplar do livro a cerca de mil escolas, bibliotecas e entidades culturais sem fins lucrativos. Por meio do website a ser construído, será ilimitado o número de pessoas impactadas pelo projeto.
Maiores informações podem ser obtidas pelo e-mail: contato@insightbrasil.net
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Categorias:História da FEB
Parabéns pela iniciativa, sou professor e minha escola homenageia um febiano, Mário Nardelli, Rio do Oeste, SC, nas suas pesquisa apareceu este nome? Serviu na 1° Companhia do I Batalhão do 11º Ri, morto em 12/12/1944.
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Prezado Marcos Aurélio, grato pelo elogio. É o que nos move adiante. Não lembro do nome desse herói, mas a homenagem é justíssima. Precisamos de mais professores iguais a você. Abraços!
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Parabéns, Durval!! Sempre à frente no assunto FEB. Conte com nossa ANVFEB. Abraços,
Fátima Inhan
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Obrigado, minha amiga. Que a Cobra Siga Fumando!
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Parabéns, Durval! Siga firme e terá sucesso nessa importante empreitada pela eternização da memória da FEB!
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Obrigado, meu amigo. Que a Cobra Siga Fumando!
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